O movimento de transição surge em meados dos anos 2000, enquadrado numa terceira grande vaga de movimentos ambientalistas (Holmgren, 2002):
- Uma primeira vaga surgiu nos anos 70, com a publicação do relatório do Clube de Roma e a crise petrolífera imposta pelos países da OPEP;
- Uma segunda vaga nos anos 80, pelo reconhecimento público e mediático dos gases de efeito estufa;
- Uma terceira vaga nos anos 2000, que essencialmente tende a alargar e aprofundar o reconhecimento das inovações das vagas anteriores a um espectro de população muito mais vasto e que tendem a adoptar abordagens menos sectoriais e mais holísticas da realidade.
Em 2005, na Irlanda, um conjunto de alunos universitários, sob orientação de Rob Hopkins, permacultor e professor no Kinsale Further Education College, criou um Energy Descent Action Plan para a cidade de Kinsale: um plano de redução do consumo energético para a sua cidade, que viria a ser oficialmente adoptado pela autarquia local. Este foi o ponto de partida para, em 2006, na pequena cidade costeira de Totnes, no Sudoeste do Reino Unido, um grupo comunitário lançasse a iniciativa Transition Town Totnes. Beneficiando da proximidade ao Schumacher College, um instituto de estudos pós-graduados em «Transformative Learning for Sustainable Living» e duma comunidade com características particulares, a iniciativa rapidamente ganhou reconhecimento e apoiantes locais, incentivando à apropriação do conceito transition town – iniciativas de transição – por outras comunidades vizinhas.
A génese do movimento de transição pode ser entendida de duas perspectivas distintas, que devem ser consideradas em simultâneo:
1. É um movimento reactivo, enquanto resposta comunitária, da sociedade civil, ao reconhecimento da urgência de acção sobre duas condições essenciais que têm e terão impactos estruturais a curto-prazo na nossa organização sócio-económica e nos nossos modos de vida – o início do fim dos combustíveis fósseis baratos e o impacto humano nas alterações climáticas planetárias.
2. É um movimento pró-activo e catalisador, por procurar um paradigma e uma visão de prosperidade alternativas, diferentes do que tem sido habitual nas últimas décadas, e que incide sobretudo na acção ao nível local, dentro das comunidades, como parte possível e desejável da acção necessária para responder aos desafios que se põem ao nosso futuro próximo. Uma visão que passa por dois conceitos-chave: a resiliência comunitária e a localização.